A Evolução da Psicossomática

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Conheça a Intrínseca relação entre a Mente e o Corpo 

 

A psicossomática é um campo interdisciplinar que se dedica a estudar a complexa interação entre mente e o corpo, observando como os fatores psicológicos podem afetar a saúde física. Essa área, que interrelaciona as áreas da medicina e da psicologia tem uma história rica que nos ajuda a compreender a relação entre emoções, mente e o adoecimento. Neste texto, vamos explorar a evolução da psicossomática ao longo do tempo.

 

Doenças psicossomáticas são problemas de saúde provocados por manifestações emocionais ou psicológicas que resultam em sintomas físicos. Esses sintomas não podem ser explicados por outra doença ou causa orgânica. É natural que pessoas com doenças psicossomáticas tenham toda uma trajetória de idas e vindas em consultas com diversos profissionais de saúde, sem conseguir identificar a causa de seu adoecimento.

Em alguns casos, esses sintomas podem estar ligados a ansiedade e depressão. O desenvolvimento de doenças desses quadros é mais comum em indivíduos com histórico familiar de somatização ou que vivenciaram experiências traumáticas.

 

As Origens da Psicossomática

A história da psicossomática remonta ao ano de 1808, quando o psiquiatra alemão Heinroth utilizou o termo pela primeira vez para explicar a origem da insônia. Posteriormente, médicos alemães e ingleses adotaram o termo. No entanto, naquela época, a psicossomática se referia principalmente à influência de paixões amorosas sobre doenças como a tuberculose.

 

A Fundação da Medicina Psicossomática

Em 1922, Felix Deutsch tornou-se o primeiro autor a usar o termo “Medicina Psicossomática”. Foi Helen Dunbar, no entanto, que realizou as bases para o campo ao avaliações sistemáticas e usou uma metodologia científica em seu livro “Emotions and Biology Changes: A Survey of Literature on Psychosomatic Interrelationships: 1910-1933”. Ela considerou o termo “psicossoma” inadequado para descrever a unidade entre corpo e mente.

Dunbar, idealizador e fundador da American Psychosomatic Society, foi influenciado pelas ideias de Deutsch e CG Jung, que explorava a relação entre reações psicofisiológicas, complexas e sintomas físicos. O livro de Dunbar, a criação da sociedade e sua revista marcaram o início da pesquisa científica em psicossomática e uma transformação no atendimento clínico.

 

O Caminho para uma Abordagem Orgânica

Na década de 1930, estudos sobre psicofisiologia prolongados por pesquisadores como I. Pavlov e W. Cannon destacaram os mecanismos que ligavam aspectos psicológicos e funções corporais. Esse período viu o desenvolvimento da Psicologia Gestáltica de Kohler, Koffka e Wertheimer, que enfatizou que o organismo não poderia ser entendido isolando suas partes. De acordo com Kohler, o desempenho de cada componente segue as leis que regem o todo.

 

O Estresse e a Psicossomática

Hans Selye, ao descobrir a síndrome geral de adaptação (posteriormente conhecida como síndrome de estresse), definindo o estresse como a soma de todos os efeitos específicos de fatores que afetam o corpo. Ele percebeu que o estresse é uma resposta à luta pela autopreservação e pela homeostase do corpo, através de uma complexa interação entre defesa e submissão.

Selye destacou a importância da adaptação em todas as doenças, descrevendo algumas como “doenças de adaptação”. Isso reflete as respostas defensivas e adaptativas do corpo em resposta ao estresse, que podem variar de defesa a uma ocorrência excessiva de submissão.

Em resumo, a evolução da psicossomática ao longo dos anos nos levou a uma compreensão mais profunda das interações entre mente e corpo, bem como o impacto que nossas emoções e estresse podem ter em nossa saúde física. O estudo das relações entre emoções e processos de saúde e doença continua a desempenhar um papel fundamental na promoção de uma forma de compreender e promover a saúde e o bem-estar, abrangente e holístico. À medida que avançamos no tempo, o campo da psicossomática continua a evoluir e a desenvolver um papel fundamental.

 

Psicossomática na Atualidade

 

Estresse e Saúde

O estresse continua a ser uma área de grande foco na psicossomática. Estudos mostram que o estresse crônico pode desencadear ou agravar uma série de condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes, distúrbios gastrointestinais e distúrbios autoimunes. Portanto, o gerenciamento do estresse tornou-se uma parte essencial da abordagem psicossomática para a saúde.

 

Doenças Psicossomáticas

As doenças psicossomáticas, ou seja, cujos fatores psicológicos e emocionais desempenham um papel importante em sua causa ou agravamento, devem receber atenção especial. O tratamento deve ir além de intervenções que compreendam estritamente fatores orgânicos. Devendo ser levado em consideração os possíveis fatores emocionais/psicológicos desencadeantes. Exemplos de doenças psicossomáticas incluem: síndrome do intestino irritável, fibromialgia e dermatite atópica. Os profissionais de saúde agora confirmam a importância de avaliar não apenas os sintomas físicos, mas também os fatores emocionais que podem contribuir para essas condições.

 

Integração da Mente e do Corpo

A psicossomática na atualidade incentiva a adoção de intervenções que levem em consideração a integração da mente e do corpo no tratamento de doenças ou redução de possíveis agravos, em quadros de adoecimento. Promovendo assim, praticas que compreendam as necessidades dos pacientes de forma mais integral, a medida em que o foco das intervenções observa não só os sintomas físicos, de forma isolada, como também a relação dos mesmos com os processos mentais e/ou psicológicos, facilitando a nossa compreensão dos processos de saúde e doença como um fenômeno de causas múltiplas, trazendo uma visão dos fenômenos que abrangem o desenvolvimento e/ou agravo de quadros de adoecimento e assim, oportunizando um tratamento personalizado e eficaz.

 

A psicossomática promove uma abordagem holística que apoia a interconexão entre mente e corpo e enfatiza a importância do gerenciamento do estresse e da saúde emocional, para a melhora do paciente. À medida que continuamos a aprender mais sobre essa disciplina, podemos compreender seu importante papel na promoção de uma vida saudável e equilibrada.

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