Entenda o Transtorno da Personalidade Narcisista (TPN) e aprenda a identificar os sinais e sintomas
Narciso foi um personagem da mitologia grega que se apaixonou por sua própria imagem refletida na água, e acabou dando nome a um transtorno que afeta indivíduos com características similares. Embora todos sejamos suscetíveis a ter momentos de apreciação por nós mesmos, queremos discutir aqui o estado patológico do narcisismo e como identificar um narcisista em nossas vidas.
O narcisismo na história
O termo “narcisismo” foi empregado pela primeira vez na cultura grega para descrever o amor que um indivíduo tem por si mesmo. Posteriormente, no final do século XIX, a psicanálise adotou esse termo para designar uma perversão sexual caracterizada pelo amor excessivo do sujeito por si mesmo.
Foi com Sigmund Freud, em 1914, que o narcisismo passou a ser estudado como elemento constitutivo do amor-próprio e da autoestima, desempenhando um papel na autopreservação do sujeito e na formação dos laços sociais.
Embora o narcisismo seja um aspecto intrínseco à personalidade humana e possua características positivas, essa vertente do tema tem sido pouco explorada na literatura. Por isso, o narcisismo tornou-se mais conhecido como um fenômeno relacionado a estruturas psicológicas como a neurose, a perversão e a psicose.
No entanto, é importante esclarecer que esse é um fenômeno comum e essencial a todos os indivíduos, já que se constitui como uma etapa do nosso desenvolvimento sexual. O problema é quando o indivíduo acaba estagnado nesse estágio.
Causas do TPN
As origens do transtorno são complexas e ainda não são totalmente compreendidas. Poucas pesquisas foram realizadas sobre os fatores biológicos que contribuem para o desenvolvimento desse transtorno, embora haja evidências de um componente hereditário significativo.
Teorias também sugerem que os cuidadores podem ter desempenhado um papel importante ao tratar a criança de maneira inadequada, sendo excessivamente críticos ou elogiando e admirando em demasia.
A prevalência estimada do transtorno de personalidade narcisista varia bastante, podendo chegar a 8,2% da população brasileira em geral. Além disso, é mais comum entre os homens do que entre as mulheres.
Sinais e sintomas
Os narcisistas patológicos superestimam suas habilidades e exageram suas realizações. Eles acreditam ser superiores, originais e especiais, diminuindo o valor e as realizações dos outros. Fantasiam sobre grandes conquistas, como serem admirados por sua inteligência ou beleza avassaladora, terem prestígio e influência ou experimentarem um amor grandioso.
Sentem-se compelidos a se relacionar apenas com pessoas igualmente especiais e talentosas, evitando as pessoas comuns. Sua autoestima é frágil, dependendo da consideração positiva dos outros, tornando-se sensíveis às críticas e ao fracasso, o que pode desencadear raiva, desprezo ou comportamentos destrutivos.
Comorbidades também são comuns, com pacientes que apresentam transtorno depressivo, anorexia nervosa, transtorno por uso abusivo de substâncias (como a cocaína), ou outros transtornos de personalidade, como histriônico, borderline ou paranoico. Porém, o traço mais marcante desses indivíduos é o alto nível de ansiedade que costumam apresentar.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno de personalidade narcisista requer a observação persistente de um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. Para confirmar o diagnóstico, o paciente deve apresentar pelo menos cinco dos seguintes sinais:
- Sensação exagerada e infundada de importância e talento;
- Preocupação constante com fantasias de realizações ilimitadas;
- Convicção de que é especial e único, buscando apenas associação com pessoas de alta qualidade;
- Necessidade de ser admirado incondicionalmente;
- Sensação infundada de merecimento;
- Exploração dos outros para alcançar seus objetivos;
- Falta de empatia;
- Inveja dos outros e a crença de que os outros os invejam;
- Arrogância e altivez.
Tratamento
Existem várias abordagens da Psicologia que podem ser utilizadas no tratamento da pessoa narcisista. Essas abordagens têm como objetivo auxiliar os pacientes a explorar suas emoções e a maneira como se veem e veem os outros, além de ajudá-los a identificar os mecanismos de defesa existentes na personalidade narcísica e explorar as razões por trás desses métodos de enfrentamento.
Assim, o paciente pode aprender a lidar com traumas e experiências iniciais que podem ter contribuído para a construção de traços narcisistas e aprender a se relacionar melhor com os outros, desenvolvendo relacionamentos interpessoais mais saudáveis e obtendo uma melhor compreensão de suas emoções.
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