Apesar da população LGBTQIA + ter conquistado representatividade ao longo dos anos, ainda é mais do que atual a luta contra discriminações e preconceitos, protestando pelo mínimo – o direito de ser humano.
De acordo com o Diagnóstico LGBTQIA+ na pandemia, uma pesquisa do coletivo Vote LGBT, a saúde mental era o principal ponto de preocupação do grupo, sendo a solidão um dos maiores problemas enfrentados.
O Brasil é um dos países onde mais se matam pessoas LGBTQIA+, principalmente transgêneros. De acordo com o Dossiê de Mortes e Violências Contra LGBTI+ no Brasil, a cada 32 horas uma pessoa LGBTQIA+ foi morta violentamente em 2022.
Ao todo, foram assassinadas 273 pessoas entre janeiro e dezembro do ano passado. Mais da metade das vítimas, 159 pessoas, foram travestis e mulheres trans, representando 58% dos assassinatos. Dentre os dados, 96 homens gays foram mortos de forma violenta.
Devido à falta de um melhor monitoramento e de informações estatísticas governamentais, o Relatório aponta para uma possível subnotificação de 5% a 10%, demonstrando a gravidade da situação vivida por essa população.
Para Mendes & Silva (2020), é importante salientar que existem poucas informações acerca dos autores desses homicídios contra a população LGBTQIA+, isso se deve à subnotificação desses crimes, e devido a “ineficiência do sistema penal brasileiro, gerando o não enfrentamento da homofobia”, além de lesbofobia e transfobia.
- A Saúde Mental da Comunidade
Segundo a American Psychological Association (2009), psicólogos necessitam de capacitação específica em Psicologia do Preconceito e em Saúde Mental da População LGBTQIA+, possibilitando o uso de técnicas qualificadas no atendimento do público. Utilizando práticas psicológicas afirmativas, podem ajudar a reduzir os efeitos do estigma, diminuir o sofrimento, intensificar a resiliência, fortalecer redes de apoio, potencializar a assertividade e melhorar o funcionamento psicológico.
Pessoas LGBTQIA+ estão mais vulneráveis ao desenvolvimento de Transtornos Mentais, Depressão, Ansiedade, Ideação Suicida e Dependência Química do que pessoas heterossexuais e cisgênero. Entretanto, tal fato se deve à hostilidade do ambiente social, familiar e profissional em que vivem, e não por sua sexualidade ou identidade de gênero.
Além disso, a comunidade LGBTQIA+ é mais propensa a receber tratamento de menor qualidade devido ao estigma, à falta de conhecimento dos profissionais de saúde e à pouca atenção às necessidades específicas desse grupo.
A Política Nacional de Saúde Integral da População LGBTQIA+ foi instaurado no SUS em 2011, a fim de “eliminar a discriminação e o preconceito institucional, bem como contribuir para a redução de desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo”.
De acordo com o Ministério da Saúde (2013), a luta contra a homofobia é essencial para a garantia de direitos fundamentais e a saúde plena da população. A qualificação de profissionais da saúde quanto às práticas sexuais e sociais dos LGBTQIA+ é essencial para a garantia de um atendimento seguro e responsável.
É função dos profissionais da psicologia oferecer o acolhimento necessário e compreender a exposição aos traumas no impacto da saúde mental, auxiliando o paciente a aprender a se aceitar e a se amar. Afinal, amor é amor!
“Ninguém vai poder querer nos dizer como amar” – Johnny Hooker
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: 1ª ed., 1ª reimp. Ministério da Saúde, 2013. 32 p.
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/uma-pessoa-lgbti-foi-morta-violentamente-a-cada-32-horas-no-brasil-em-2022/
OLIVEIRA, Elias Teixeira de; VEDANA, Kelly Graziani Giacchero. Suicídio e depressão na população LGBT: postagens publicadas em blogs pessoais. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto , v. 16, n. 4, p. 39-48, dez. 2020 .
Paveltchuk, F. de O., & Borsa, J. C. (2019). Homofobia internalizada, conectividade comunitária e saúde mental em uma amostra de indivíduos lgb brasileiros. Avances en Psicología Latinoamericana, 37(1), 47-61.
https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/colunista-psicologia-saude-mental-da-populacao-lgbtqia-uma-atencao-necessaria