Entendendo a personalidade esquizotípica para além dos estereótipos
A busca por instantes de solidão e introspecção é comum a todos nós, humanos. Sempre tem aquela hora em que sentimos que a “bateria social” esgotou! Mas você já conheceu alguém que vive esse estado de maneira permanente e está sempre fugindo de qualquer tipo de interação? Pois é, esse comportamento pode estar relacionado ao Transtorno da Personalidade Esquizoide (ou TPE).
O TPE é caracterizado por um padrão comportamental que costuma aparecer no início da vida adulta, envolvendo um enorme distanciamento de relacionamentos sociais e uma expressão emocional extremamente limitada. Neste artigo, tentaremos mergulhar no universo desse transtorno a fim de entender como ele se manifesta e pode impactar a vida das pessoas que convivem com ele.
Identificando a personalidade esquizoide
- Eles parecem não possuir um desejo de intimidade, mostram-se indiferentes às oportunidades de desenvolver relacionamentos íntimos, e parecem não obter muita satisfação do fato de fazerem parte de uma família ou de outro grupo social;
- Preferem passar seu tempo sozinhos a estar com outras pessoas. Com frequência, escolhem atividades ou passatempos solitários que não envolvam a interação com outras pessoas;
- Não costumam sentir prazer em atividades sensoriais e interpessoais, como caminhar na praia ao pôr-do-sol ou fazer sexo. Eles preferem tarefas mecânicas ou abstratas, tais como jogos matemáticos ou de computador, e não costumam ter amigos íntimos ou confidentes (com exceção, talvez, de um parente próximo);
- Demonstram não se importar com o que os outros pensam deles. Eles são menos afetados pelas opiniões alheias e podem ignorar os aspectos sutis da interação social, parecendo superficiais e absortos em si mesmos;
- Podem apresentar dificuldades em reagir emocionalmente e responder adequadamente aos indicadores sociais. Costumam exibir uma expressão facial “insossa” e raramente retribuem gestos como sorrisos ou acenos.
Compreender as características desse transtorno pode nos auxiliar a desenvolver uma abordagem mais empática em relação àqueles que o vivenciam. Porém, quando observamos esses aspectos comportamentais num determinado indivíduo, é fundamental considerar uma avaliação profissional para um diagnóstico adequado. Lembre-se: somente um profissional de saúde mental qualificado pode fazer um diagnóstico preciso e oferecer o suporte necessário!
Como vivem as pessoas com TPE?
A vida das pessoas com TPE é marcada por peculiaridades e desafios que influenciam seu cotidiano. Essas pessoas, por exemplo, podem ter dificuldade em expressar raiva, mesmo quando provocadas, o que contribui para a percepção de que não possuem emoções intensas. Suas vidas, muitas vezes, parecem não ter um rumo definido, sem metas claras.
Reagir de forma passiva a situações adversas e ter dificuldade em responder adequadamente a eventos importantes são características comuns desses indivíduos. Além disso, devido à falta de habilidades sociais e ao desinteresse por experiências sexuais, eles tendem a ter poucos encontros românticos e geralmente não se casam, bem como podem ter seu funcionamento ocupacional prejudicado.
Apesar de exibirem afeto restrito e parecerem frias e indiferentes, essas pessoas, em circunstâncias incomuns nas quais se sentem mais confortáveis, podem reconhecer sentimentos dolorosos, especialmente relacionados a interações sociais. Já em situações de estresse podem vivenciar episódios psicóticos breves, que duram de minutos a horas.
Contextos de manifestação do TPE
O TPE pode ser encontrado nos mais diversos contextos culturais, sociais e econômicos. Embora seja diagnosticado com maior frequência em homens, não está restrito a um único grupo. Já sobre o fator idade, pode aparecer pela primeira vez em crianças e adolescentes na forma de solidão, relacionamentos frágeis e baixo rendimento escolar, o que pode levá-los a ser alvo de bullying.
É preciso cuidado ao se deixar levar pelos estereótipos e rotular comportamentos defensivos ou estilos interpessoais de outras pessoas como esquizoides, já que diferentes contextos culturais e processos de adaptação podem influenciar a forma como as pessoas se relacionam. Os indivíduos que se mudam de ambientes rurais para áreas metropolitanas, por exemplo, podem reagir com uma “paralisia emocional” e ser erroneamente percebidos como frios e hostis.
Tratamento
Através da psicoterapia, os indivíduos com TPE podem explorar suas dificuldades interpessoais, desenvolver habilidades sociais e emocionais e buscar uma maior integração na sociedade. Um tratamento adequado oferece um espaço seguro para a expressão emocional e abre caminhos para a construção de relacionamentos significativos. Com apoio, esses indivíduos podem encontrar estratégias e recursos para equilibrar sua necessidade de solidão com a importância da conexão humana.
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